Devido a quantidade de solicitações, as empresas deixam de atender milhares de chamados e pretendem aumentar a frota.
Os amigos Felipe e Ronaldo agendam corridas de táxi principalmente para irem a jogos de futebol no Engenhão ou Maracanã, zona norte carioca.
O presidente do Sindicato dos Taxistas, Luiz Antônio Barbosa, disse que a procura pelos táxis ligados a cooperativas não para de crescer há alguns meses. Ele acredita que o medo da violência e a insegurança sejam os principais motivos.
- Não há falta de táxis no Rio de Janeiro. Pelo contrário. Temos dez mil táxis a mais do que o necessário. A questão é que a população passou a buscar mais os cooperativados, que se tornaram sinônimo de segurança. As empresas não estão conseguindo atender a todos os chamados e a tendência é que a frota aumente.
Ainda reforçando a questão da segurança, Barbosa contou que na semana passada foi apresentado um projeto as cerca de 150 cooperativas que atuam na cidade para que o cliente, após agendar uma corrida, receba por e-mail informações sobre o taxista e o carro, inclusive com fotos.
- Esse esquema já funciona muito bem com uma cooperativa e outras pretendem adotar também. Em breve será um procedimento normal.
Pedidos rejeitados e aumento da frota.
De acordo com o presidente da JB Táxi, André Reis, a frota de 222 carros faz 40 mil corridas por mês, mas deixa de atender outras 9.000. A Líber Táxi atende 50 mil chamados mensais e rejeita cerca de 600 por dia. Antônio Pecine, diretor social e comercial da Central de Táxi, contou que os chamados triplicaram desde dezembro. A empresa tem 270 carros e realiza assembleias para a aquisição de mais 80.
Responsáveis por cooperativas acreditam que, além do medo de assaltos, a operação Lei Seca, pela qual muitos motoristas preferem deixar o carro em casa para não correrem o risco de serem multados; a comodidade de poder agendar uma corrida (mesmo que a espera seja de 45 minutos); e a facilidade no pagamento, uma vez que muitas empresas aceitam cartões de crédito e débito, também justificam a preferência. Segundo eles, a maioria dos clientes é formada por mulheres, principalmente à noite.
A maquiadora Fátima Lopes é uma das que só pega táxi com inscrição de empresa.
- Tenho medo de assalto e até estupro. Não dá para ter certeza se os táxis particulares são de motoristas honestos ou não. Conheço uma pessoa que comprou uma televisão no shopping Tijuca [zona norte] e pegou o primeiro táxi que passou. No meio do caminho o motorista colocou a arma na cabeça dela, disse que a televisão era dele e a mandou sair. Deus me livre!
Já os analistas de sistemas Ronaldo Barros e Felipe Padilha usam táxi para se locomover pelo Centro da cidade, principalmente na hora do almoço.
- Sempre procuramos a cooperativa que tem ponto aqui perto do trabalho. Nos fins de semana ligamos para a empresa e vamos para jogos no Maracanã ou Engenhão de táxi. É bem melhor do que ficar procurando estacionamento e correr o risco de ter o carro rebocado.
A aposentada Cabrini Nogueira chegou à rodoviária Novo Rio, no Centro, em um táxi particular, mas, segundo ela, o motorista trabalha há vários anos em frente à casa dela e é de confiança.
Questionado sobre a preferência de passageiros por carros de coopetativa, o taxista autônomo Klay Wilyson revelou que já perdeu muitos clientes por não ser associado, mas que também sempre tem quem não perceba ou não se importe com isso.
- Muita gente fica desconfiada e até sai do carro depois que o taxímetro é ligado. Em uma cidade violenta, segurança é fundamental e eu entendo a preferência. Ainda bem que o Rio de Janeiro é grande demais e a gente sempre consegue outro passageiro mais a frente.
A delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis realiza operações periódicas pela cidade. Somente na semana entre 15 e 19 de março, 18 táxis piratas foram apreendidos na área da rodoviária Novo Rio. A Secretaria Municipal de Transportes monitora os táxis cadastrados e havia apreendido cerca de 40 de janeiro a março por irregularidades.
(Foto Camila Ruback / R7: Táxis particulares são maioria no entorno da rodoviária Novo Rio)
Fonte:http://noticias.r7.com/rio-e-cidades/noticias/medo-da-violencia-aumenta-procura-por-taxis-de-cooperativa-no-rio-de-janeiro-20100328.html